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Nossa vida em Porto Alegre e Guillermo Gomez-Peña

Imagem tomada de http://interculturalpoltergeist.tumblr.com/, um projeto de fotoperfomance de Gillermo Gomez-Peña

GP’s first Drag, Mexico City, 1961. Photo taken by his father.

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Tenho de fazer dois confissões. (UM) Este espaço serve-me para praticar a minha escrita em portuguese. (DOIS) Ao seguir uma mecânica de diário, de caderno, estou tentando recopilar toda matéria importante que me permita voltar a ser. O que eu estou procurando é o EU. O que me é importante, o que tinha-me interessado, o que interessou-me, o que tem sido uma paixão, as minhas motivações.

Estou tentando definir-me, ter algo a dizer (de novo), usar meu cérebro, refletir, pensar e no final atuar. Ter algo visível ao mundo. Trabalhar e pensar e desenhar com auto-consciência. Estou tentando poer minha mente em algum lugar, e no processo descobrir onde tive a minha cabeça. Eu estou tão disperso, o ano todo foi assim.

As vezes faço preguntas tolas, como hoje que pensei apos ler meu curriculum “que se artista ou animador”. O que faz sentido na distinção? Eu tenho feito animação, tenho feito desenho. Quero voltar a desenhar, mas não acho que. O que sumiu? O espaço. o tempo, o amor.

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Tenho dificuldade de separar a minha vida do meu trabalho. Na procura de um equilíbrio traço-me frustração. Agora estou desenhando coisas dessa vida aqui no Porto Alegre. São um monte de coisas que tem sido presentes no meu ano (nosso ano): um pode dizer objetos. Dentro de pouco a gente vai para São Paulo e temos de levar menos do que trouxemos. Para mim será outro recomeçar. Na minha cabeça estou fazendo um mala com as coisas para lembrar da nossa vida aqui. Desenhar nossos objetos, as nossas pequenas coisas, faz parte da bagagem.

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Hoje li um texto recente de Gillermo Gomez-Peña, o artista da performace mexicano mais conhecido pelo seu projeto LaPocha Nostra, uma “troupa” criada para promover e gerar colaborações com outros atristas. Gomez-Peña define a sua pratica artística de forma complementar a sua labor como docente, dirigindo projetos pedagógicos radicais, mais conhecidos como “The Pocha Metod”, uma serie de oficinas que vem realizando internacionalmente. O escrito é um diário da sua recuperação duma grave doença, abordado pela influencia dela no seu processo criativo. Numa passagem ele fala sobre a nostalgia das coisas feitas, e como elas podem-se interpor nas possibilidades atuais, o como elas afetam a sua realidade atual. Não tem duvida em pensar que a nostalgia é uma forma de escapismo:

I imagine…I imagine I am on the road with my troupe. I imagine I am performing in all the exciting places I was supposed to be: Cuba, Brazil, Canada. I also imagine myself receiving a prestigious award in Los Angeles and/or performing and teaching at Stanford. I’m supposed to be there right now. My imagination begins to wander in the landscape of my past as a newly arrived immigrant in Los Angeles. I imagine myself as a young Gómez-Peña performing extreme tasks such as walking from Tijuana to Cal Arts in two and a half days in order to understand migration; lying for 24 hours wrapped in fabric inside a public elevator to express the pain of leaving my country; not speaking for a month in order to investigate language…I remember or rather I imagine my self reenacting these actions again, now, at 57. Although I politically oppose nostalgia and regard it as a form of escapism, this particular form of creative nostalgia feels kind of healing, at least that’s what my delusional self #1 tells my struggling self #2.

O texto completo  pode ser lido neste link:

http://visitor.benchmarkemail.com/c/v?e=255D2B&c=EDCB&l=5613C96&email=pAEjKYJxQ4xe%2Bzd6bNiw8t4bTfzD%2Fgg1&relid=48332CA0

Sobre la Pocha Nostra:

http://www.pochanostra.com/

Lovers

Notas:

  • Desde o tempo de meus estudos na universidade esta obra era um mito, uma coisa que você só poderia ver através de livros e artigos breves na internet; não vídeos, algumas descrições curtas e muitos elogios. Eu estudava sobre o corpo e as representações das relações na arte contemporânea, assim cheguei a Teiji Furahashi e Dumb Type. Eu entendia esta obra pelo discurso da distinção do privado e do público na fotografia, o como você representa sua intimidade. Tinia lido muito sobre corpo e fotografia, sobre Nan Golding, Paloma Navares, lia Barthes, e sobre os não-lugares (o Libro de Renato Ortíz) e tomaba um curso sobe pensamento fotográfico onde estudava o album da familia. Também me interessei por Tracy Emim e pelas fotografias do “Faenza” de Miguel Ángel Rojas. Eu tinha me interessado também pela pornografia, pelo sexo, por Mappelthorpe, Andrés Serrano… Ao final achei importante falar disso pra completar uma ideia da saudade que eu senti hoje assistindo este vídeo.
  • Más, hoje volto a Dumb Type como faço animação, porque perdi o meu interesse na fotografia? Porque eu sinto que a desconheço? Não é mais atrapalhar o momento efémero da luz num desenho químico? Não e mais uma coisa de develar o escondido? Vou tentar explicar-me: quero falar sobre a diferença de “ritmo” a “criação do ritmo”; presta atenção da manipulação do tempo; na criação de tensão, fazer evidentes marcas no tempo, um tempo sobre-imposto, duma marca sobre-imposta, duma ação repetitiva.
  • Eu perdi a minha confiança na fotografia, na sua capacidade de ser uma marca (só eu, que agora desconheço-a). Más, achei algo do tempo fantasma na imagem em movimento, em usar o corpo, nas texturas, na animação. Algo muito interior, como o abraço dos amantes de Furahashi, é uma coisa de abraçar o oco, de reconhecer uma marca efêmera em nos, da solidão, do esforço pra achar um complemento… o movimento e uma fantasmagoria porque nossos atos repetidos ficam conosco, os fatos de todos os dias: vestir, despir, abraçar, beijar. os mesmos atos com outros atores.
  • Então, são nestas ações em solidão (A solidão é uma massa que se arrastra) que nase este desejo de fazer, de animar, e movimentar.
  • Finalmente três ações pra lembrar: do movimento mecânico dos projetores, e do tempo circular das projeções dos vídeos, e do tempo do espetador entre os dos movimentos. É uma poesia para se-encontrar.

 

Your Path is Your Shelter by Peter Zsuzsa

shelter from peter zsuzsa on Vimeo.

Notas:

-Força no título e beleza na animação simples dum “motion tracking”, é uma coisa de videogame, de filme, de jogar á ficar dentro da linha.

-Achei este video paralelo aos flimes de ação, de Matrix (o famoso anamorfismo da cena das balas), do movimento de esquivar bala, golpe e vidrio como defesa. Aqui o mundo fica quieto, e você anima-se a mudar o seu lugar, atravessando os perigos do caminho.

-Pensei de novo em “O céu que nos protege”: o céu do romance protege-nos de ficar imóveis pela falta de sentido.

-Interessou-me a visão de movimento como uma estrutura protetora (visível só na quarta dimensão.

Assisti o video no site da fundação AA que oferta um curso de introdução na arte contemporânea.

Mais informações em:
http://foundation.aaschool.ac.uk